Este mesmo destino, cruel, que teima em separar-nos ao final dos dias, relembra-me de ti, em sonhos, para que eu possa recordar, mais uma vez, o que é mais violento no amor. A despedida. Lamento cada momento em que não te tenho por perto, em que te encontro em sonhos e, após acordar, me dou conta que não te encontras a meu lado. Falamos tanto quando nos encontramos lado a lado. Falamos com a língua, com as mãos, com os olhos. Atropelamos palavras, que teimam em expressar-se, com os lábios sedentos, incapazes de esperar um só momento para voltar a provar o doce sabor do amor. Rompemos frases com abraços que não aguentam mais aguardar pela sua vez. Respiramos verbos, esquecidos, que já não sabíamos conjugar. Penso em ti, a toda a hora, como se fosse tão natural como respirar. Sim, em ti, e, enquanto penso, entranhas a minha pele, invades-me o cérebro e percorres o meu sangue. Que obsessão a minha, esta de querer estar sempre junto a ti. Mas a culpa é tua. Tua e do cheiro da tua pele que ficou impregnada nos meus sentidos. Tua e desse teu colo acolhedor, que me faz revelar o desejo incontido de te abraçar, só mais uma vez. Tua e desse teu jeito capaz de fazer a minha cabeça girar numa tontura constante. Tua e do teu corpo que reconheço como meu, em cada raspar dos lábios, do olhar e da língua. Da pele, da voz, dos beijos, das mãos. Tudo. Tudo o que sempre quis resume-se a ti. Acho absolutamente impressionante o facto de existirem milhões de palavras no mundo e que nenhuma delas consiga ter capacidade suficiente para suportar aquilo que somos um para o outro. Amor. Amor é uma palavra tão usada, tão vazia, tão nada, em comparação ao que sinto por ti. ♥

4 comentários:

obrigada pela opinião (: